LEIA AO FINAL DA REPORTAGEM: OMISSÃO
Guararema
Matéria publicada em 05/01/10
Críticas
Omissão de Márcio Alvino revolta vítimas das chuvas em Guararema
Principal alvo dos atingidos, o prefeito não apareceu nos bairros afetados pelo temporal para oferecer suporte às famílias
BRAS SANTOS
De Guararema
De Guararema
Daniel Carvalho

Área no bairro Ipiranga atingida pelo deslizamento que resultou na morte de quatro pessoas
Até a chegada dos bombeiros, nenhum representante da prefeitura, que não possui Defesa Civil, apareceu no local. Parentes e vizinhos trabalharam sem qualquer apoio, no escuro, para tentar salvar as vítimas. O ambulante perdeu os quatro parentes, que foram sepultados anteontem.
O drama vivido por Pereira, que retornou ontem ao local da tragédia, retrata a falta de preparo da administração do prefeito Márcio Alvino (PR) para prevenir e lidar com situações de urgência, como a que matou quatro pessoas, deixou centenas de famílias desabrigadas e derrubou barreiras em ruas, estradas vicinais e na rodovia Mogi-Guararema (SP-66).
Durante o dia de ontem, o DAT percorreu os pontos mais afetados pelo temporal e ouviu muitas críticas contra o amadorismo da prefeitura em lidar com a situação.
O prefeito impediu o acesso da Imprensa às dependências da escola municipal Padre José Cornélio, onde estão pouco mais de 50 pessoas que foram retiradas das 45 casas interditadas na encosta do bairro Ipiranga.
Sem estrutura
Alojado no único abrigo da prefeitura, o ambulante, que viveu o pior primeiro dia de ano de sua vida, preferiu não criticar o governo, mas disse que, se o atendimento especializado tivesse chegado mais rápido, as chances de salvar as vítimas seriam maiores: "A Fernanda estava na casa do alto. Com o impacto da terra, ela foi jogada para a laje da residência, que fica uns 15 metros para baixo. Quando a gente conseguiu subir, ela estava toda quebrada e ninguém tinha experiência para ajudar", lamentou. Outras pessoas abrigadas na escola reclamaram da falta de técnicos da Defesa Civil na área mais afetada.
No bairro Sítio dos Marrons, especialmente na esquina das ruas Fernando Fausto Costa e José Benedito de Freitas, o córrego Ipiranga transbordou e a água subiu mais de um metro e meio. Cerca de 20 casas foram inundadas e os moradores perderam tudo. "Desde que as casas foram alagadas, ninguém da prefeitura apareceu para oferecer abrigo. Só hoje (ontem), um pessoal veio recolher o lixo e avisar que a água e a luz serão cortadas, porque essa área é de ocupação", protestou a moradora Alessandra Maria Tavares.
Omissão
Para o ex-vereador Jacy de Pádua, a falta de estrutura da prefeitura revela a omissão do atual prefeito: "A prefeitura quer arrecadar mais de R$ 100 milhões em 2010, mas não tem equipes de Defesa Civil, não monitora as áreas de risco e não acelera a instalação do Corpo de Bombeiros. A família do atual prefeito manda na cidade faz mais de 20 anos e permitiu a ocupação das áreas de risco. Trata-se de omissão. Faltam abrigos. Atendi em minha casa cerca de 20 pessoas do Sitio dos Marrons, que não conseguiram apoio da prefeitura", contou Jacy.
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