Ameaçado por milícias, deputado estadual do Rio vai deixar o país
31/10/2011 - 11h26
Ameaçado por milícias, deputado estadual do Rio vai deixar o país
MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO
DA AGÊNCIA BRASIL
Atualizado às 12h25.
O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) pedirá licença da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e deixará o país. Em um mês, o parlamentar recebeu sete denúncias de que grupos de milicianos planejam a sua morte.
Marcelo Freixo presidiu, em 2008, a CPI das Milícias, que indiciou 225 pessoas, entre policiais civis, militares, bombeiros e agentes penitenciários. Os relatórios produzidos pela CPI auxiliaram as polícias Civil e Federal em investigações que levaram boa parte destes indiciados para a prisão.
O deputado pretende deixar o Brasil amanhã, em companhia da família, a convite da Anistia Internacional. O país e o período de permanência no exterior são mantidos em sigilo.
Segundo Freixo, as ameaças não devem ser encaradas como um problema pessoal, mas sim como de toda a sociedade. Ele lembrou do assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta por policiais militares integrantes de milícias que atuam no Grande Rio, em agosto deste ano.
"Esse é um problema de todo o Rio de Janeiro. Aliás, é um problema nacional. Até que ponto nossas autoridades vão continuar empurrando com a barriga. Ou a gente enfrenta e faz agora esse dever de casa contra as milícias ou, como mataram uma juíza, vão matar um deputado, promotores, jornalistas. E, se esses grupos criminosos são capazes de matar uma juíza e ameaçar um deputado, o que eles não fazem com a população que vive na área em que eles dominam", disse.
De acordo com o deputado, apesar das dezenas de prisões feitas depois da CPI das Milícias, esses grupos criminosos estão cada vez mais fortes e dominam várias comunidades do estado, onde extorquem dinheiro de moradores e de comerciantes e controlam atividades como transporte alternativo, venda de gás e de ligações clandestinas de TV a cabo.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/999382-ameacado-por-milicias-deputado-estadual-do-rio-vai-deixar-o-pais.shtml
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SOBRE O DEPUTADO (PSOL-RJ) AMEAÇADO:
Quem assistiu o filme Tropa de Elite 2 deve se lembrar do personagem do deputado Diogo Fraga, que denunciava os grupos de milícia dentro da Polícia Militar fluminense. O parlamentar que inspirou o drama, Marcelo Freixo, deputado estadual pelo PSOL, terá que sair do Brasil refugiado para não morrer como a juíza Patrícia Acioli. Segundo matéria do jornal O Globo, o Ministério Público e o Disque-Denúncia registraram, em pouco mais de um mês, sete denúncias de que várias milícias planejam o assassinato de Freixo. Como foi demonstrado no filme, o parlamentar foi presidente da CPI das Milícias, que, em 2008, provocou o indiciamento de 225 pessoas, entre políticos, policiais militares e civis e bombeiros. Freixo deixará o país na terça-feira (1º) com a família a convite da Anistia Internacional. O parlamentar vai para a Europa. O país de destino e o tempo de permanência são mantidos sob sigilo. “A Anistia ficou preocupada com a minha segurança devido ao acirramento das denúncias feitas contra mim. A Patrícia foi ameaçada e, na época, todos diziam que ninguém iria matá-la. Mesmo assim, mataram”, disse Freixo, ao recordar o caso de Patrícia Accioli, executada a tiros por milicianos na porta de casa, no mês passado. Atualmente, o deputado só anda escoltado por seguranças. Ele é pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro.DANILO MOURA
Instituto Quilombista
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JORNAL DO BRASIL - 31/10/2011 - SOBRE MARCELO FREIXO (dep. Psol-RJ)
Em sua página na rede de microblogs Twitter, ele afirmou que o retiro é por tempo limitado e que a decisão não foi tomada por medo, mas sim devido a uma necessidade de que sejam feitos ajustes em seu esquema de segurança. Freixo fez ainda duras críticas ao poder público, que classificou como "inoperante e reativo, e lembrou o caso da juíza Patrícia Acioli, executada com 21 tiros no dia 11 de agosto, em Piratininga, Niterói.
"Sobre as ameaças, nunca recebi retorno das providências tomadas. Esse não é um problema meu, não é particular. Patrícia Acioli recebeu várias ameaças e nada foi feito. O poder público é reativo e inoperante. Eles não venceram e nem vão vencer, estarei de volta em breve", disparou.
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